A autocrítica é um atributo importante para o desenvolvimento da personalidade humana. Na biografia de Peter Longerich sobre Goebbels, ministro da propaganda nazista, o autor destaca o decaimento da autocrítica nos diários do político: "Se as passagens autocríticas são a parte mais interessante dos primeiros diários, a ausência quase completa de autocrítica nos últimos volumes talvez seja o que mais chama atenção". (Ed. Objetiva; p.19).
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
"Eu, Daniel Blake" (Crítica)
O que há de errado com Eu, Daniel Blake? Uma das respostas pode estar na pergunta: "Para quê serve um filme?" Retratar a realidade ou transcendê-la? Se você prefere a primeira opção talvez tenha gostado do filme. A meu ver, a limitação dele está justamente em retratar a realidade mas não superá-la, em apontar a patologia social (a burocracia) e não mostrar alternativas ou soluções. Há uma incompletude, neste sentido.
O personagem, em alguns momentos, tenta burlar e transcender a patologia mas sem êxito. O filme direciona sua crítica para o sistema social burocrático. Isso fica evidente pela forma "zumbificada" dos personagens burocráticos retratados.
Há decerto, ao menos, duas situações que merecem destaque:
1) quando Blake se levanta no departamento do governo para reclamar do descaso em relação à mãe solteira, Katie;
2) quando Daniel, já saturado do empurra-empurra burocrático, parte para um protesto gráfico.
Porém, ambas as tentativas de superar a patologia não têm êxito e a mensagem final é pessimista: "o sistema é esse mesmo, não adianta lutar contra ele que tudo continuará igual". Faltou: ressaltar a condição do inconformismo social sadio, o pensar out-of-box; sair da crítica social e entrar na autocrítica. É sempre relevante pensar: "O quê uma consciência mais lúcida faria nesta condição?".
Faz pensar que alguns autores são bons para contar uma estória, mas não tem habilidade (vontade?) para solucioná-la. Ou seria falta de mais ousadia para sair do conformismo? A impressão é que o filme bate asas mas não voa.
Podemos fazer a pergunta: um filme deve apenas conformar-se com o real ou transcendê-lo? Se a intenção é levantar um problema, trazer uma situação para o debate já terá sido válido. Mas, particularmente, gosto de sair do cinema com aquele sentimento positivo de ascenção onde um problema, uma situação insatisfatória foi desvelada e depois superada.
O personagem, em alguns momentos, tenta burlar e transcender a patologia mas sem êxito. O filme direciona sua crítica para o sistema social burocrático. Isso fica evidente pela forma "zumbificada" dos personagens burocráticos retratados.
Há decerto, ao menos, duas situações que merecem destaque:
1) quando Blake se levanta no departamento do governo para reclamar do descaso em relação à mãe solteira, Katie;
2) quando Daniel, já saturado do empurra-empurra burocrático, parte para um protesto gráfico.
Porém, ambas as tentativas de superar a patologia não têm êxito e a mensagem final é pessimista: "o sistema é esse mesmo, não adianta lutar contra ele que tudo continuará igual". Faltou: ressaltar a condição do inconformismo social sadio, o pensar out-of-box; sair da crítica social e entrar na autocrítica. É sempre relevante pensar: "O quê uma consciência mais lúcida faria nesta condição?".
Faz pensar que alguns autores são bons para contar uma estória, mas não tem habilidade (vontade?) para solucioná-la. Ou seria falta de mais ousadia para sair do conformismo? A impressão é que o filme bate asas mas não voa.
Podemos fazer a pergunta: um filme deve apenas conformar-se com o real ou transcendê-lo? Se a intenção é levantar um problema, trazer uma situação para o debate já terá sido válido. Mas, particularmente, gosto de sair do cinema com aquele sentimento positivo de ascenção onde um problema, uma situação insatisfatória foi desvelada e depois superada.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
A irracionalidade do materialismo
Do ponto de vista existencial, a tese do materialismo e, portanto, da finitude da consciência é irracional. A questão é que, neste caso, teríamos que assumir que determinadas pessoas foram "eleitas", desde o nascimento, a terem uma vida melhor do que outras.
1) Uma pessoa nasce numa família estruturada que lhe dá condições da melhor formação educacional, cultural e social. Já um outro indivíduo nasce num ambiente mais inóspito, em condições desfavoráveis.
2) Um indivíduo nasce gênio superdotado, com inteligência acima da média; um outro tem retardo mental, com extrema dificuldade de raciocínio e elaboração de pensamento.
3) Um sujeito, ao final da vida está feliz e sereno, com a sensação de dever cumprido e tem um desfecho tranquilo, durante o sono, em atmosfera de paz. Já outra pessoa sofre acidente e falece de modo trágico, deixando um rastro de incomprensões e incompletudes para trás.
Conclusão: podemos enumerar inúmeros exemplos que mostram a deficiência do materialismo (da ideia de que a existência da personalidade termina junto com o corpo biológico) na explicação da vida humana.
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Jung e o inconsciente
Lendo Jung é possível perceber o nível do alcance superior de suas ideias se comparado a outros psicólogos históricos. Mas ainda tem aquele hábito de usar a ideia de inconsciente para explicar os fenômenos parapsíquicos.
sábado, 24 de setembro de 2016
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Maturidade dos eleitores
O cidadão-eleitor que vota num candidato em troca de favores, cargos ou dinheiro, não tem nenhuma moral para reclamar sobre a corrupção, pois já é participante desta desde o começo.
A qualificação do(a) eleitor(a) requer uma dessensibilização em relação aos discursos políticos emociogênicos e maior sensibilização para os discursos racionais e realistas.
A qualificação do(a) eleitor(a) requer uma dessensibilização em relação aos discursos políticos emociogênicos e maior sensibilização para os discursos racionais e realistas.
domingo, 28 de agosto de 2016
"Quando as Luzes se Apagam". Crítica.
Assisti ao filme Quando as Luzes se Apagam ("Lights Out"). Costumo fazer concessão aos filmes com temática sobrenatural, pois entendo que é um gênero difícil. Achei que esse estava indo bem mas derrapou completamente no final. A derrapada está em não assumir a existência das consciexes (espíritos) e deixar margem para a ambiguidade.
Ao final, a atitude tomada pela mãe de Rebecca para por fim também a Diana, a meu ver, foi uma péssima solução do roteirista. Isso porque perdeu-se ali uma grande oportunidade de se criar um turning point, uma solução dramática muito mais profunda da situação.
Ao meu ver, a opção pela "morte" de um personagem, muitas vezes, é uma solução fácil que apela para um impacto emocional superficial. É uma simplificação, quando ou não se sabe o que fazer ou não se quer arcar com uma saída mais digna. Por exemplo, poderiam ter abordado a reciclagem de Diana e da mãe de Rebecca. Mas, talvez, fosse esperar muito do roteiro. O problema é que filmes com desfechos elevados acabam se tornando um referencial e há um aumento do nível de exigência dos cinéfilos. Lembram do final de O Sexto Sentido?
Por quê, em muitos filmes atuais, parece haver uma fuga de desfechos maduros? O problema parece ser que a maturidade e a moralidade deixaram de ser um valor para o cinema atual.
Além disso, a "solução" encontrada no roteiro parece deixar uma situação propositalmente ambígua: "afinal, Diana tem existência própria ou apenas é um produto da mente?".
Ao final, conclui-se que, ao modo de tantos outros filmes do gênero, Lights Out tem mais a intenção de assustar do que explicar.
Ao final, a atitude tomada pela mãe de Rebecca para por fim também a Diana, a meu ver, foi uma péssima solução do roteirista. Isso porque perdeu-se ali uma grande oportunidade de se criar um turning point, uma solução dramática muito mais profunda da situação.
Ao meu ver, a opção pela "morte" de um personagem, muitas vezes, é uma solução fácil que apela para um impacto emocional superficial. É uma simplificação, quando ou não se sabe o que fazer ou não se quer arcar com uma saída mais digna. Por exemplo, poderiam ter abordado a reciclagem de Diana e da mãe de Rebecca. Mas, talvez, fosse esperar muito do roteiro. O problema é que filmes com desfechos elevados acabam se tornando um referencial e há um aumento do nível de exigência dos cinéfilos. Lembram do final de O Sexto Sentido?
Por quê, em muitos filmes atuais, parece haver uma fuga de desfechos maduros? O problema parece ser que a maturidade e a moralidade deixaram de ser um valor para o cinema atual.
Além disso, a "solução" encontrada no roteiro parece deixar uma situação propositalmente ambígua: "afinal, Diana tem existência própria ou apenas é um produto da mente?".
Ao final, conclui-se que, ao modo de tantos outros filmes do gênero, Lights Out tem mais a intenção de assustar do que explicar.
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