quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Personalidade forte e fraca

A personalidade humana pode manifestar-se a partir de dois modos ou perfis básicos, inconfundíveis a qualquer observador atento. São eles:

1. Frágil. A personalidade frágil, insegura e vacilante.
2. Forte. A personalidade forte, confiante e decidida.

Devido à interação entre diversos fatores, a mesma personalidade pode variar da insegurança (fragilidade) à autoconfiança (coragem) e vice-versa. Com a maturidade das vivências vai havendo maior consolidação dos aspectos positivos e o enfraquecimento dos traços contraproducentes, causadores de desequilíbrios.

A fim de compreendermos melhor os dois modos, iremos analisá-los em duas letras (A e B).

A) A personalidade forte, em geral, apresenta as características a seguir:

Autoconfiança. Tem maior autoestima e confia no seu próprio potencial. É mais segura em suas decisões e transmite essa segurança para as outras pessoas.
Carisma. Apresenta maior carisma e presença forte, sendo mais percebida onde se manifesta.
Otimismo. Pensa que as coisas vão melhorar, mantendo a maior parte do tempo o pensamento positivo.
Realização. Sente-se mais realizada e tranquila durante a maior parte do tempo.
Mudança. Tem maior poder de influência e mudança positiva sobre as pessoas.

B) A personalidade frágil, em geral, apresenta os seguintes traços:

Insegurança. Vive a maior parte do tempo insegura, com baixa autoestima, sem confiar em seus próprios potenciais.
Pessimismo. Tem o hábito de ver o lado pior das situações, com ênfase no aspecto negativo.
Frustração. Sente-se, na maior parte do tempo, carente e irrealizada, com tendência aos pensamentos negativos.
Evitação. Devido à insegurança pessoal o indivíduo evita o confronto e a discordância, buscando a aprovação social. Neste caso, procura quase sempre "fazer média" a fim de não desagradar ninguém.

O primeiro passo para a autossuperação é a autopesquisa a fim de nos conhecermos melhor. O segundo é colocar em prática as mudanças necessárias.

sábado, 26 de outubro de 2013

Orientação para o estudo

Nem todos que agendam consulta psicológica nas unidades de saúde têm necessidade de fazer psicoterapia no sentido tradicional. Às vezes, a pessoa é atendida uma única vez e a terapia se faz naquele breve encontro. Pensando no aspecto psicológico, não é tanto o tempo que produz o efeito psicoterapêutico mas a eficácia e profundidade do atendimento. Neste sentido, a consulta psicológica é também um trabalho de orientação e esclarecimento.

Num dos bairros onde trabalho há muita demanda de atendimento de crianças e adolescentes com dificuldades na Escola. A queixa é, quase sempre, má-conduta e comportamento indisciplinado. Não querem estudar nem fazer as lições, desvalorizando os estudos. Nestes casos, quase sempre a criança ou adolescente chega à consulta em companhia da mãe ou pai. É importante que seja assim, pois nos atendimentos descobrimos que, nem sempre, há bons exemplos familiares em relação a valorização dos estudos. Portanto, esse trabalho precisa ser desenvolvido com os responsáveis a fim de produzir a mudança necessária.

Neste caso, a intervenção técnica utilizada é a autoconscientização da importância do estudo. 

A abordagem segue mais ou menos na seguinte linha: "ninguém é obrigado a estudar, mas o estudo irá facilitar a vida, abrir as portas, você terá condições de escolher uma profissão melhor, fazer uma faculdade, ganhar mais dinheiro...". Tal discurso pode parecer simplista para determinado público, no entanto, ainda existem muitas pessoas com muita carência de informações.

A segunda técnica é a autoconscientização cronológica. O procedimento utilizado é: pergunta-se a idade (em geral, são adolescentes de 12 ou 13 anos) e calculamos em quanto tempo ele terá os 18 anos (a idade em que possivelmente começará a trabalhar).

A autoconscientização cronológica objetiva principalmente ampliar a reflexão do adolescente a respeito do aproveitamento de seu tempo livre e da oportunidade que tem no momento para estudar. Pode-se ainda ressaltar que mais tarde poderá ter mais dificuldade devido aos compromissos (trabalho, família).

Vale lembrar que nenhuma dessas técnicas objetiva convencer o paciente mas de argumentar e estimular o seu raciocínio.

sábado, 19 de outubro de 2013

Resgate do tempo livre


Algumas pessoas não têm mais tempo para si mesmas e se esquecem das coisas que gostavam de fazer, do lazer ou hobby. É o efeito do rolo compressor do auto-esquecimento diário que inclui, dentre outros, os seguintes fatores:
  • Jornadas de trabalho desgastantes;
  • Supervalorização do trabalho (workaholic);
  • Rotinas estressantes;
  • Preocupação financeira; 
  • Conflitos emocionais.


O psicoterapeuta deve auxiliar o indivíduo no resgate do seu tempo livre, de voltar a vivenciar o tempo sem preocupações, cobranças e pressões extremas.

Para tal, é preciso identificar atividades criativas a fim de ampliar a qualidade dos pensamento e sentimentos.

Aqui, é importante estar atento ao princípio da singularidade segundo o qual "o que serve para um indivíduo não serve para outro". Uma pessoa gosta de fazer bordado, outra de escrever, pintar, assistir filmes, dançar. A própria pessoa deve identificar qual é a atividade antiestressante no seu caso.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Escola

Tenho boas lembranças do Stockler, colégio onde estudei da segunda até oitava série, na Gávea. Da biblioteca que ficava próxima à cantina, dos amigos de turma: R. me falando do livro Diário de um Mago do Paulo Coelho, de quando fomos na casa da sua avó ali na Marquês de São Vicente e ouvimos Bach (Concerto Brandenburgo) num minisystem da Aiko. Ali perto havia uma igreja aonde ía ver um órgão de tubos. R. chegou a tirar foto minha sentado com as mãos no teclado em pose de organista.

Nesta época estava na fase musical que começou após assistir ao filme Amadeus sobre a vida do compositor Mozart. Naquela noite, fiquei sonhando com ópera e teatro. Pouco tempo depois, enquanto passava férias na casa dos meus primos em Assunção (meu tio é militar e estava servindo lá), ganhei de aniversário um teclado. Comecei a ter aulas particulares com uma professora de orgão eletrônico.

Nesta Escola havia um colega, E., que gostava de desenhar e começou a tocar piano na mesma época quando comecei as aulas de teclado. Nossas conversas eram sobre desenhos, música clássica e diferenças entre piano e órgão. 

Lembro da aula de Matemática onde o professor vestia blusa comprida e bermudas no inverno pois dizia não sentir frio nas pernas.

Daí surgiu o gosto pela música erudita. Obviamente, meus desenhos eram sobre essa temática e lia tudo o que podia a respeito. Fiz um álbum com todas as ilustrações que encontrava sobre Mozart (naquela época não havia internet) que depois me desfiz num período mais radical.
Ali também conheci M. que também desenhava gostava de HQs (história em quadrinhos).

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Preconceito na entrevista

Todos sabemos que não devemos ter preconceitos. Porém, na prática, a situação às vezes é outra. Quando trabalhei na Penitenciária de Foz do Iguaçu uma das atribuições do(a) psicólogo(a) era entrevistar os detentos recém-chegados. Dentre as perguntas havia um questionário-padrão com a finalidade de compreender alguns traços da personalidade do ingressante no sistema penitenciário. Uma destas perguntas era: "O que você faz nas horas vagas?" (Essa pergunta pode parecer estranha mas lá eles têm atividades: aulas, oficinas, visitas, exercícios). Alguns presos, mais familiarizados com as "manhas" do sistema, costumam responder o que o entrevistado "quer" ouvir. Já sabem qual a resposta "correta" ou "errada" para o entrevistador. Então, diante da pergunta "O que você faz nas horas vagas?" muitos respondiam que gostavam de ler. Sem dúvida, existem detentos estudiosos mas alguns pareciam responder de forma mecânica e se convicção. A pergunta seguinte ("O quê você gosta de ler?") costumava trazer mais pistas sobre o grau de veracidade da resposta anterior. Quando a resposta era vaga do tipo "romance" já desconfiava que o interlocutor estava usando a "resposta-padrão". Numa certa ocasião, depois de algumas entrevistas, cometi o erro de antecipar a resposta:
- "E você gosta de ler o quê? Romance?".
- "Não, atualmente estou lendo Tom Jones e também sobre a ascenção e queda da família Médici. Você sabe que os Médici financiavam vários artistas..."

As enciclopédias

Das enciclopédias que tive contato na infância lembro principalmente das seguintes: Conhecer, Universo, Mirador e Barsa. Todas presentes na biblioteca do meu avô que era advogado de grande cultura.

Gostava muito da Conhecer com sua encadernação em vermelho bordô, algarismos romanos nos fascículos, com amplas ilustrações. Bem didática.

A Universo também era muito legal, capa azul escuro e com muitas fotografias. Esta ficou comigo durante muitos anos, até doá-la para a Holoteca em 2008.

A Mirador parecia mais séria, com muita informação mas não achava tão simpática quanto as outras. E a edição mais antiga da Barsa não tinha muitas ilustrações e todas sem cor.

O mais interessante das enciclopédias, ao meu ver, é a abordagem panorâmica e a cosmovisão sobre assuntos os mais diversos. Sem dúvida, um invento fascinante para a expansão da cognição.

Depois, com a internet, parece que muita gente perdeu o hábito de consultar as enciclopédias em papel.

Primeiro trabalho

Meu primeiro trabalho remunerado na Psicologia foi na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu, em 2003. E esta estória começou quando fazia atendimentos voluntários no Poliambulatório Nossa Senhora da Aparecida. Numa das reuniões com a equipe um representante do Conselho Comunitário do Fórum, L. apareceu dizendo que precisava de um(a) psicólogo(a) para ministrar uma palestra aos egressos (ex-presos recém libertados). Se não me engano a reunião era numa segunda-feira e a palestra seria na próxima quarta. Ninguém se habilitou e me incentivaram, então topei a parada. Era pouco tempo para preparar mas me senti confiante para aquela apresentação. Não lembro bem o que falei naquela ocasião, mas gostei da experiência, pois me senti muito inspirado. E o pessoal parece ter gostado pois me convidaram para uma segunda palestra. Desta vez, o diretor da Penitenciária estava presente com a psicóloga. Aquela apresentação, sem dúvida, abriu as portas, quando algum tempo depois fiquei sabendo que uma das psicólogas havia saído e estavam à procura de outro profissional.

A foto desta primeira apresentação no Fórum está aqui:



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Ficção científica - primeiros contatos

Na mesma época dos dinossauros assistia na TV aos seriados japoneses de monstros espaciais: Robô Gigante, Spectreman, Ultraman, dentre outros. Então, sempre gostei de seres diferentes e das ficções científicas. Estes também influenciaram muito os desenhos da época.

Lembro quando assisti ao filme O Império Contra-Ataca no cinema, em Campinas. Tinha uns 8 anos e o cartaz me chamou atenção, apesar de não compreender o significado do título. Quando aquela aventura espacial começou adorei ver aqueles deslocamentos interplanetários, onde num instante o personagem estava num local e logo em seguida noutro planeta com atmosfera bem diversa. E talvez uma cena impactante foi quando apareceu no telão a "Cidade das Nuvens" (Cloud City) que pareceu defasar minha imaginação (?). 



terça-feira, 15 de outubro de 2013

Desenhos, dinossauros, livros

Nas lembranças mais antigas desta infância estava desenhando. Minha avó dizia que meus primeiros desenhos eram de relógios (que chamava de "moójo") mas não lembro desta época, nem guardo nenhum exemplar. Só lembro de um relógio do Mickey com braços de ponteiros que joguei no chão porque não queria comer cebola. Mas voltando aos desenhos, lembro dos dinossauros. Estes eram uma fascinação naquela época. Lia tudo a respeito, sabia os nomes, via mil vezes as mesmas imagens. Lembro do livrão em 2 volumes O Mundo em que Vivemos que havia na biblioteca do meu avô, em Resende. Gostava muito deste livro e das ilustrações dos períodos pré-históricos, da imagem do alossauro rajado se alimentando e do imponente tiranossauro cinza, de olhos vermelhos e braços minúsculos. Até que um dia aquela folha foi arrancada por alguém que nunca descobrimos. Outra coleção, com 5 volumes, que gostava muito se chamava Os Bichos. Lembro do cheiro de livro novo quando a ganhei.



sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Bate-papo na Uniamérica

Há duas semanas fui convidado pela psicóloga Luciana Salvador para apresentar um bate-papo na aula de Políticas Públicas em Psicologia, na faculdade Uniamérica, sobre meu trabalho nas unidades de saúde, em Foz do Iguaçu. 

Reuni algumas anotações e ideias dos atendimentos e fui em frente. Não gosto de powerpoint, pois acho que inibe a interatividade e as inspirações, então levei tudo impresso no papel. 

Estava um pouco apreensivo pois não sabia como seria a receptividade, mas tanto a turma quanto a professora foram bem colaborativas e logo após a breve apresentação surgiram as perguntas.

Procurei enfatizar a prática dos atendimentos psicoterápicos, trazendo exemplos das experiências e técnicas criadas a partir da singularidade das situações.

Dois dias depois voltei para a mesma, exposição, desta vez, para a turma do período da manhã. Saí de lá muito satisfeito em poder compartilhar alguma experiência com aqueles estudantes.



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Auto-realização

“Contudo, para se realizar, o indivíduo precisa enfrentar esses temores, e ter consciência de que, para crescer, não basta sermos nós mesmos, mas é preciso participar da individualidade dos outros”.

(May, Rollo; A Coragem de Criar).

Valorização do(a) psicólogo(a)

Já disse aqui que estou atendendo a população em unidades de saúde. Na prática, se vê que muitos problemas têm base emocional e psicológica. Ainda falta valorizar mais a profissão dos psicólogos. A meu ver, cada Hospital, Unidade de saúde e Escolas deveriam ter psicólogos trabalhando.

Memória e envelhecimento

Uma das maiores bobagens que dizem na Sociedade é que a memória com o tempo vai caindo. Memória é exercício. Sem exercício cerebral, qualquer pessoa, independente da idade, começa a ter lapsos de memória. Já atendi adolescentes com problemas de concentração e de memorização iguais ou até maiores de pessoas idosas. Precisamos é de mais pessoas estudando e entendendo a importância deste hábito, independente das Escolas e Universidades. Pessoas com interesse em conhecer o mundo e se conhecer, com mais autoconfiança e menos inseguras.

Pais omissos

Há mais ou menos 1 ano estou trabalhando em 4 unidades de saúde. Neste tempo, embora não tenha a conta exata, já atendi algumas centenas de pessoas. Dentre várias situações que são recorrentes uma é a dos pais (homens) ausentes, que colocam os filhos no mundo e desaparecem ou simplesmente acham que é suficiente mandar algum dinheiro, sem participar ativamente da educação e do desenvolvimento destes. Neste casos, quase sempre, as mães assumem essa responsabilidade e se desdobram para trabalhar, educar e sustentar os filhos. Esta ainda é uma realidade muito comum em algumas sociedades.

A aluna que não consegue estudar

Hoje atendi uma criança junto com a mãe que me surpreendeu. Já acostumado em atender crianças que não querem estudar, esta foi bem diferente. Ela veio reclamar que não consegue estudar. Segundo seu relato, os alunos que estudam em sua sala costumam sentar até a quinta fileira. Dali para trás estão os bagunceiros, grande parte da turma. E os professores, enquanto está a maior baderna, simplesmente abandonam a sala deixando-a entregue aos bagunceiros. Esta aluna está estranhando a situação porque no outro colégio onde estudava os professores conseguiam coordenar a sala, o que não acontece neste. Um detalhe: trata-se de uma Escola Estadual.
Será apenas despreparo dos professores? Ou será que a coordenação tem receio de adotar medidas mais firmes e, portanto, "antipopulares"?

Maturidade e Renovação

“O desejo de realização, de usar a nós mesmos e as nossas capacidades, é o desejo de alcançar a maturidade. E aquela velha temida velhice instala-se quando paramos de amadurecer. A própria frase “tornar-se velho” é uma contradição. A velhice chega quando não existe mais qualquer realização, nenhum crescimento da mente ou da personalidade. Enquanto estamos aprendendo, evoluindo, contribuindo, produzindo ou desfrutando, nós estamos amadurecendo, quer tenhamos 16 ou 96 anos”.

(Dorothy Carnegie; “Cresça, Não Envelheça!”).

Filmes sem conclusão

Outro dia assisti a um filme daqueles que "acabam mas não terminam". Ou seja, a estória chega ao final e não há um desfecho, uma c...