quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Bloqueio intelectual

Talvez um dos sentimentos mais bloqueadores da prática da escrita e da produção intelectual de forma geral seja uma autocrítica exagerada, muitas vezes, acompanhada pelo pensamento de pessoas julgando negativamente suas ideias. Tal "imaginação", em geral, tem origem em alguma experiência passada.

É fato que existem pessoas internamente mal resolvidas que "inconscientemente" projetam suas insatisfações e frustrações nas criações dos outros. Um exemplo, são os haters imaturos que encontram satisfação malévola denegrindo quem está expondo o seu trabalho. Felizmente, também existem muitas pessoas sensibilizam-se e incentivam o esforço alheio.

Se a pessoa têm muita dificuldade com as críticas ela deve procurar superar tal condição. Alguns psicólogos(as) criticam o uso dos "deves" (shoulds) porque entendem que tal condição exerce uma pressão negativa sobre o indivíduo. Aqui, a ideia é de ressaltar a importância de se tomar uma atitude consciente a fim de superar um comportamento causador de prejuízo. 
A propósito, não é o psicólogo ou terapeuta que deve dizer para a pessoa que uma atitude está ou não lhe prejudicando. O ideal é que ela própria chegue a tal conclusão, a partir da autocrítica.

Autocrítica é outra palavra que precisa ser melhor compreendida... 

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Dificuldade de explicação

Se há mil anos você falasse pra um sujeito que, no futuro, ele poderá escrever um texto e enviá-lo imediatamente para alguém do outro lado do planeta, ele(a) provavelmente pensaria que você está "viajando na maionese". Tal feito tornou-se possível devido a uma associação de descobertas e tecnologias, incluindo a eletricidade, a eletrônica, a microinformática e a internet.

Seria muito difícil explicar para alguém do passado o conceito de internet. Seria preciso primeiro nosso interlocutor visualizar um computador. Se levássemos um notebook ao passado seria considerado um objeto completamente fora do padrão. Um objeto retangular capaz de "produzir" luminosidade própria, textos e imagens.

Para compreendermos uma realidade precisamos ter um sistema de referências adequado ou aproximado aquele contexto.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Estados alterados de consciência

No livro Transpersonal Psychologies, publicado em 1972, Charles Tart aborda a importância da pesquisa dos Estados alterados da consciência para se compreender o psiquismo.

Durante todo o curso de Psicologia não me recordo de ter ouvido uma vez sobre tal assunto. Lembro que, certa vez, ao indagar um professor sobre a opinião dele sobre as pesquisas da Parapsicologia ele simplesmente disse que "não existiam". Ficou claro que ele não entendia nada a respeito.



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Decaimento da autocrítica

A autocrítica é um atributo importante para o desenvolvimento da personalidade humana. Na biografia de Peter Longerich sobre Goebbels, ministro da propaganda nazista, o autor destaca o decaimento da autocrítica nos diários do político: "Se as passagens autocríticas são a parte mais interessante dos primeiros diários, a ausência quase completa de autocrítica nos últimos volumes talvez seja o que mais chama atenção". (Ed. Objetiva; p.19).

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

"Eu, Daniel Blake" (Crítica)

O que há de errado com Eu, Daniel Blake? Uma das respostas pode estar na pergunta: "Para quê serve um filme?" Retratar a realidade ou transcendê-la? Se você prefere a primeira opção talvez tenha gostado do filme. A meu ver, a limitação dele está justamente em retratar a realidade mas não superá-la, em apontar a patologia social (a burocracia) e não mostrar alternativas ou soluções. Há uma incompletude, neste sentido.

O personagem, em alguns momentos, tenta burlar e transcender a patologia mas sem êxito. O filme direciona sua crítica para o sistema social burocrático. Isso fica evidente pela forma "zumbificada" dos personagens burocráticos retratados.

Há decerto, ao menos, duas situações que merecem destaque:

1) quando Blake se levanta no departamento do governo para reclamar do descaso em relação à mãe solteira, Katie;

2) quando Daniel, já saturado do empurra-empurra burocrático, parte para um protesto gráfico

Porém, ambas as tentativas de superar a patologia não têm êxito e a mensagem final é pessimista: "o sistema é esse mesmo, não adianta lutar contra ele que tudo continuará igual". Faltou: ressaltar a condição do inconformismo social sadio, o pensar out-of-box; sair da crítica social e entrar na autocrítica. É sempre relevante pensar: "O quê uma consciência mais lúcida faria nesta condição?".

Faz pensar que alguns autores são bons para contar uma estória, mas não tem habilidade (vontade?) para solucioná-la. Ou seria falta de mais ousadia para sair do conformismo? A impressão é que o filme bate asas mas não voa.

Podemos fazer a pergunta: um filme deve apenas conformar-se com o real ou transcendê-lo? Se a intenção é levantar um problema, trazer uma situação para o debate já terá sido válido. Mas, particularmente, gosto de sair do cinema com aquele sentimento positivo de ascenção onde um problema, uma situação insatisfatória foi desvelada e depois superada.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A irracionalidade do materialismo

Do ponto de vista existencial, a tese do materialismo e, portanto, da finitude da consciência é irracional. A questão é que, neste caso, teríamos que assumir que determinadas pessoas foram "eleitas", desde o nascimento, a terem uma vida melhor do que outras.

Eis alguns exemplos:

1) Uma pessoa nasce numa família estruturada que lhe dá condições da melhor formação educacional, cultural e social. Já um outro indivíduo nasce num ambiente mais inóspito, em condições desfavoráveis.

2) Um indivíduo nasce gênio superdotado, com inteligência acima da média; um outro tem retardo mental, com extrema dificuldade de raciocínio e elaboração de pensamento.

3) Um sujeito, ao final da vida está feliz e sereno, com a sensação de dever cumprido e tem um desfecho tranquilo, durante o sono, em atmosfera de paz. Já outra pessoa sofre acidente e falece de modo trágico, deixando um rastro de incomprensões e incompletudes para trás.

Conclusão: podemos enumerar inúmeros exemplos que mostram a deficiência do materialismo (da ideia de que a existência da personalidade termina junto com o corpo biológico) na explicação da vida humana.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Jung e o inconsciente

Lendo Jung é possível perceber o nível do alcance superior de suas ideias se comparado a outros psicólogos históricos. Mas ainda tem aquele hábito de usar a ideia de inconsciente para explicar os fenômenos parapsíquicos.

Filmes sem conclusão

Outro dia assisti a um filme daqueles que "acabam mas não terminam". Ou seja, a estória chega ao final e não há um desfecho, uma c...