Outro dia assisti a um filme daqueles que "acabam mas não terminam". Ou seja, a estória chega ao final e não há um desfecho, uma conclusão. A impressão que fica é: todos os esforços dos personagens acabam em vão. Ao final, a sensação de exaltação da irracionalidade, da ausência de sentido, da decadência e da patologia. Por quê essa escolha do diretor?
Em Musicologia existe aquele acorde dissonante à espera de outro para a resolução. Esse acorde pode surgir, em certos momentos, para representar um impasse, uma "crise" na melodia. Porém, depois de algum tempo, é necessário um fechamento harmônico. O filme em questão me lembrou aquele acorde dissonante irresoluto.
Sempre fiquei curioso: por quê alguém conduz um roteiro, com liberdade criativa, escolhe apresentar o pior? Por quê não ressaltar o positivo, o sadio, a melhoria, a edificação e a capacidade de resolução?
Apenas "voar, voar e não pousar" não é o ideal.