Procure dormir cedo, por volta de 21h30, sem ingerir muitos alimentos.
De preferência, desperte com autossugestão, sem despertador, entre 4h30 e 5h00. Deste modo sua vontade já está atuando desde o início.
Se necessário, tome banho e faça um breve lanche. Escute, perceba as necessidades do soma. Aqui já terá idéia da predisposição para a técnica.
Procure estudar algo relacionado às projeções conscienciais.
Se não costuma acordar neste horário, após certo tempo de estudo, aproximadamente 2 horas, poderá sentir sonolência. Indo deitar após o aquecimento neuronial provocado pelo estudo (devido ao uso de atributos como lógica, comparação, análise crítica), irá predispor um estado de lucidez maior, diminuindo a predisposicão às fantasias e enredos oníricos durante o sono.
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Rio de Janeiro, 04 de maio de 1997
Acordei para o início da técnica projetiva, às 4h30, sem precisar usar o relógio despertador.
Logo que deitei, em decúbito dorsal, sentia as emoções controladas, o raciocínio atuando e sem interferências por parte do soma.
Comecei a ouvir os sons intracranianos que já não me assustaram mais como acontecia nas primeiras projeções conscientes que tive, aos 17 anos de idade. Os sons pareciam alterar timbre e ritmo, com o primeiro mais "melodioso" em relação às outras vezes. Num momento se assemelhou ao ritmo de música instrumental pop.
Às vezes, o mais difícil nos relatos projetivos é transcrever a seqüência exata dos acontecimentos. Ao mesmo tempo que ouvia os sons intracranianos tinha a sensação de entrar noutra realidade e me afastar do mundo físico: do soma, do quarto de dormir, do ar, das percepções físicas, ou seja, das coisas indispensáveis à manifestação intrafísica da consciência.
Uma das razões da dificuldade de transcrever as experiências projetivas se deve a sensação de dilatação (deformação) no tempo, onde a consciência parece vivenciar muito, não necessariamente em quantidade de ocorrências mas em intensidade.
Com as sensações de desligamento do soma também tive a sensação de expansão do espaço (ballonement) e de ser levado à longa distância. Porém, não consegui me desvencilhar da relação ambiente intra-extrafísico, ou seja, me preocupava para onde estava indo e que talvez pudesse parar no quarto do vizinho. A preocupação em me afastar do soma parecia exercer o efeito contrário, de me manter ainda mais próximo deste.
Tive uma espécie de "sonho lúcido" onde ia para um quarto e pulava da janela. Isso ocorreu duas vezes.
Durante esses estados tinha a "dupla sensação" de estar no quarto e longe dele e ouvia sons e vozes familiares em ambos os ouvidos, que se revezavam*, ora do lado direito ora no lado esquerdo, mas eram agradáveis. Neste momento, lembrei da representação cinematográfica do filme Ghost: Do Outro Lado da Vida, quando o personagem Sam (Patrick Swayze) passa pela primeira dessoma e, ainda no estado transitório entre a vida intra e extrafísica, tem uma série de percepções auditivas e visuais e cenas rememoradas.
* que pareciam corresponder ao meu próprio pensamento. Neste momento pensava sobre o que havia lido sobre Freud e elas pareciam dizer outras palavras relacionadas ao pensamento que tinha a respeito. Me diverti com a exoticidade da manifestação que não se utilizava de recursos tecnológicos externos.
As percepções dos "sons revezados" se assemelhavam aqueles sons com crescendum que terminam subitamente.
Acordei por volta das 7h30. (O experimento começou quando o dia já estava claro).
Fiquei todo tempo em decúbito dorsal.